terça-feira, 13 de março de 2007


Não há prisão

Nem compaixão

Nem dó, amor,

Nem piedade,

Nem perdão


Preciso matá-lo

em meu coração

num golpe sótiro certo

sem delongas

sem demoras

sem oras

nem bolas


Preciso apagá-lo

de meus sonhos

num clarão

explosão cega

sem tropeço

sem soluço

sem pecado

nem aflição


Preciso tirá-lo

de minha vida

num arremesso

ao precipício

sem corda

sem escada

sem choro

nem vela


Preciso arrancá-lo

do solo do peito

com facão

com enxada

destreza

e sem parada


Preciso quebrá-lo

ao chão

depois soprá-lo

em pó de grãos

sem norte

sem ponte

sem sorte

nem horizonte


Preciso perdê-lo

na estrada da vida

num labirinto

sem saída

sem pegada

sem poeira

nem migalha


Preciso negá-lo em mim

morte, rapto

sumiço, estilhaço



Para vê-lo renascer

vivo, lúcido, presente

forte, íntegro, consciente


Assim, repetidamente

irei amá-lo

em eterna construção

destruição, ilusão,

desilusão...


Um amor espiralado

tão humano

tão imperfeito

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