terça-feira, 13 de março de 2007



Rebeldia, Caeiro querido, que nada

Faço da poesia minha mísera valia


Mal dos versos

Cambaleio em embalo

de balaio solto e torto


Irregular que sou

nada entendo

que seja certo

que seja reto


Tenho sede dos olhos da terra

Da alma do Universo

Do corpo do mundo


Se nada posso ser

E o Amor me faz sofrer

Junto a trouxa

(eu mesma) trouxa frouxa

e vou tirar da Morte

a Vida que me resta


esgota

gota a gota

dessa meta


Arca perdida, minh'alma

Nau naufragada

Nuvem enluarada


Vasculho entulhos

de sonhos e barulhos

A lança enfiada na garganta

As mãos atadas

A Morte-dança

A Vida canta


Do viéis dos olhos de meu algoz

o soslaio da voz

sussurro um arrepio

meu último suspiro:

amor, estou viva!!!


Arrasto o rastro de farrapos

Vou ao rio aos frangalhos

E contemplo o reflexo do rosto roto

Rugas e verrugas


Velha minh'alma,

casa de barro

cachoeira de rama

enxurrada de lama


Vulcânico leito

onde me deito

descanso, desfaço

e refaço o passo

pegada a pegada

pedaço a pedaço


cada traço

desta trajetória

incerta.

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