segunda-feira, 7 de maio de 2007

Death


Death


Nor dread nor hope attend

A dying animal:

A man awaits his end

Dreading and hoping all

Many times he died,

Many times rose again.

A great man in his pride

Confronting murderous man

Casts derision upon

Supersession of breath;

He knows death to the bone -

Man has created death.


(W.B.Yeats)


Entendo agora o frio. Enquanto o vento soprava arrancando-me a pele do corpo. A queimar como fogo carbonizando tudo o que é tecido vivo. Tudo a que se chama tudo, o nada. Carvão em brasa. Esse sopro incendiário e intenso, de luz fulgurante, transfigurou-me maravilhosamente numa espécie melhorada de mim. O que sobrou? Uma espécie de mim remodelada com rajadas de granizo e raios secos cortantes. A matéria prima. Re-talhada. Assumo assim feições e perfis, semblantes e curvas bastante indefinidos. Não solidifico mais, não congelo. Ser entregue que sou às ações caóticas dos astros. Leve para voar e transitar as esferas elevadas de outras atmosferas. Entreguei-me ao vento, fiz um pacto com as tempestades e os vulcões, atuo misteriosamente no universo e mesmo a potência máxima de mim mesma, minha voracidade maior, manifesta-se em profundo silêncio. Não contenho, não aprisiono, nem retenho nada. Encontro no estado mais sólido, o mais volátil e sequer as sub-atômicas partículas escapam à minha ação. Penetro tudo e me expresso nas miudezas irrisórias. Derreti no ardor do vento, tornei-me invisível aos olhos da superfície das coisas do mundo. Desfiz os elos de medíocres pensamentos. Correntes dilaceradas, poeira cósmica agora. Não dói mais, não palpita angústia, ilusão qualquer, nada. E tão somente a fluidez da paz.

Um comentário:

longjonblu disse...

A very beautiful poem. Cool blog,man.