segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O zazen das não-horas


Tirei a pilha do relógio como quem altera a dimensão espacial do quarto.

O corpo pede o mesmo à mente para que ele possa se expandir e descontrair-se.

Seguimos um tanto inertes à compreensão de nossa biologia intuitiva. Dela mal conhecemos a linguagem própria.

Não a descobrimos porque não sentimos e quando sentimos não entendemos.

Na contorção de vieses e reveses, eu me proponho a prática sistematicamente intuitiva da leitura das sensações. Do pé das letras faço mãos de palavras e, logo, tenho um organismo de idéias. Intransferíveis à materialidade das horas, não operaciono meus pensamentos em conceitos ou feitos. Elevo-os antes de trazê-los ao concreto do corpo. Traços intangíveis de uma percepção irremediavelmente parcial.

Tanta arte e ciência, assim, reduzidas a iminência de sentir o que não se pode alcançar.

Substancialmente sem alcance, nos resta é criar.

2 comentários:

Tiago Arruda Sanchez disse...

Oh Menina Maluquinha!
Como vc pode ter a coragem de ir ate meu blog pra se dizer com cerebro enferrujado?
Já teve a coragem de se enxergar? Já olhou o nipe dos seus textos e poesias?
Sabe, as vezes penso que vc blefa só pra ver o q os outros vao dizer das seus malabarismos. Sei que isso eh normal e que todos nós, mortais que procuram se enxergar no espelho da alma, temos esta dificuldade de reconecimento e, claro, acabamos nos comparando.
O caminho este que trilhamos, como este seu da ioga spiningmind and zen soul, vira mesmo uma corda bamba num fio de navalha em que, na maioria das vezes nem mesmo vejo o fio q resta. Aí sinto que só nos resta o outro que mora ao lado, parecendo dar passos firmes e que na verdade protege-se fingindo ser alguem melhor.
Sei bem com eh dificil ser cego se escorando no ombro de outros cegos, mas vamos em frente. Afinal, ja descobrimos pelo menos que estamos na caverna de Platao, so nos resta sair.
Parabéns pelo seu BLOG! Ele esta fantástico. Continue inspirada!
Beijo

Grazielle Russo disse...

Oh Fazedor de Palavras, vou sempre ao seu blog fuçar e às vezes me dá a sensação de estar diante de uma palavra-cruzada, um enigma se auto-desvendando e se auto-enveredando por labirintos de sentidos ainda mais instigantes... fico na superfície da curiosidade de entender, não é blêfe, não, é uma limitação reconhecida que me faz inventar o resto do novelo.
Acho tão lúdico e livre o universo das suas poesias que geram uma combinação muito legal para quem lê: de hermetismo de sentidos e de brincadeira nas formas de composição. Mas, não classifico nada, é só maneira de dizer como chega a mim a sua poesia.

Sabe o que me faz pensar? No paradoxo da expressão através da arte. É uma vontade visceral de se explorar e se expressar, mas sem se expôr. É um risco, sem dúvida, que a gente corre de mostrar o que sente e percebe, sem cair na vulgaridade do julgamento alheio.
Mas, vamos nos proteger de quê? E de quem? Oras bolas, se a luz vem de dentro, o que que a gente tá fazendo na caverna? :Eu pergunto...
Qye venha a luz!!!
beujão, querido e parabéns pelo Blog por você estar presente!